Um ano após explosão em Campos do Jordão, médica que teve 80% do corpo queimado fala sobre recomeço e diz que quer ajudar a tratar vítimas de queimaduras: 'Descobri que sou forte'

  • 22/04/2024
(Foto: Reprodução)
Renata Fontoura tem 25 anos, é médica e está fazendo especialização na área de dermatologia. O caso aconteceu no dia 22 de abril do ano passado, quando houve uma explosão em um condomínio da cidade do interior de São Paulo. Renata Fontoura, médica que teve 80% do corpo queimado em uma explosão em um condomínio de Campos do Jordão Arquivo pessoal A explosão em um condomínio que terminou com 10 apartamentos destruídos e ao menos quatro pessoas feridas, em Campos do Jordão (SP), completou um ano nesta segunda-feira (22). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp A tragédia aconteceu no feriado de Tiradentes do ano passado, quando a cidade da Serra da Mantiqueira recebia milhares de turistas. A explosão foi provocada pelo acúmulo de gás e faísca elétrica - relembre abaixo o que aconteceu. Entre os quatro feridos, a médica Renata Fontoura, hoje com 25 anos, foi a vítima resgatada em estado de saúde mais delicado. Ela teve mais de 80% do corpo queimado na explosão, que aconteceu justamente no apartamento em que ela estava. Renata Fontoura é de Novo Mundo (MT), que fica a 757 km de Cuiabá. Recém-formada em medicina na Universidade Federal de Mato Grosso, a jovem estava em Campos do Jordão com o namorado para passar o feriado, quando ocorreu a explosão. Após um ano, vítima relembra explosão em condomínio de Campos do Jordão Depois de ficar quase 150 dias internada em um hospital de São Paulo, Renata recebeu alta, em setembro do ano passado. Desde então, ela tem lutado para recomeçar a vida. Em meio ao tratamento, que segue mesmo um ano após a explosão, a médica aponta que a especialização em dermatologia é um dos fatores que mais tem dados forças para superar o caso. A especialização já havia começado antes do acidente, mas, de acordo com ela, o fato de ter passado por essa situação a motiva a trabalhar com pessoas que também precisam de tratamento especializado para queimaduras. “Nunca fui de ficar parada, então logo que tive alta quis voltar à especialização. E é algo que tem me ajudado muito. Eu sempre quis dermatologia, mas hoje tenho encontrado ainda mais sentido nessa área. Quero trabalhar com a parte regenerativa e reparadora de cicatrizes, como de queimados. Meu sonho hoje é tratar as pessoas depois da alta médica, que é justamente a parte que passa o meu tratamento hoje”, afirma Renata. Médica vítima de explosão em prédio aproveitava feriado com namorado em Campos do Jordão Arquivo Pessoal VEJA TAMBÉM: Explosão deixa quatro feridos em Campos do Jordão Médica que teve 80% do corpo queimado recebe alta ‘Uma sobrevivente’, diz médico que tratou jovem A residência em dermatologia tem duração de três anos. A previsão é que a médica conclua essa especialização até o fim do ano que vem. O curso tem sido feito em São Paulo e ela consegue frequentar as aulas presenciais normalmente. Polícia Científica faz perícia em prédio onde houve explosão em Campos do Jordão Laurene Santos/TV Vanguarda Em setembro do ano passado, após a alta, Renata Fontoura concedeu uma entrevista ao g1 em que relembrou a explosão. Nesta segunda-feira (22), quando o caso completa um ano, a vítima concedeu nova entrevista à reportagem e falou sobre o que tem feito para recomeçar. Leia abaixo os principais trechos da entrevista: Rotina Além da especialização em dermatologia, Renata Fontoura tem se apoiado em outros fatores para recomeçar e voltar à rotina, como por exemplo na família e em amigos. Mesmo assim, ela conta que tudo tem sido muito conturbado desde que o acidente aconteceu. “Tenho retomado a minha rotina aos poucos. A especialização é o principal, mas também tenho conseguido sair mais de casa por outros motivos, como com os meus amigos. Eles e minha família têm me ajudado muito. Em relação a isso não posso reclamar de nada.” “Há restrições quando saio de casa, como em relação ao sol, por exemplo. Ainda tenho que usar malhas para queimaduras também. Tudo tem sido bem conturbado. É uma recuperação muito longa. Mas preciso retomar e é isso que tenho feito. Preciso reencontrar sentido na minha vida. Ficar parada só faria a recuperação ser pior”, afirma. Condomínio destruído após explosão em Campos do Jordão, SP Douglass Fagundes Superação Apesar da rotina estar voltando aos poucos, Renata ainda se lembra com dor do caso. Ela afirma que faria qualquer coisa para que o acidente não acontecesse, mas destaca que descobriu que é muito forte por ter conseguido passar por essa situação. “Eu faria qualquer coisa para mudar isso. Seja não ir para Campos do Jordão ou ficar hospedada em outro lugar. Eu lembro que tinha muita vontade de conhecer a cidade, mas dessa vez não estava com muita vontade de ir. Acho que porque foi combinado de última hora. Infelizmente acabei ignorando esse sexto sentido. Então não consigo romantizar a situação, até por ninguém ter sido punido até hoje”, lembra Renata. “Mas ao menos serviu para que minha força e fé fossem fortalecidas. Descobri que sou muito forte. Não sabia que era tão forte assim. Eu e minha família tivemos uma perseverança muito grande para superar isso que aconteceu.” Explosão destruiu 10 dos 32 apartamentos em prédio Arquivo Pessoal Tratamento Ao mesmo tempo em que luta para recomeçar a vida, Renata segue recebendo tratamento. Desde a alta médica, ela faz ao menos um procedimento por dia para que a pele se recupere da melhor maneira possível. Um desses procedimentos é a aplicação de um laser que melhora a qualidade da pele e das cicatrizes, tanto do ponto de vista de aparência, quanto do ponto de vista da elasticidade e flexibilidade. “Graças a Deus não tive nenhuma sequela funcional, então o tratamento é em cima da questão estética. E isso tem tido um resultado muito bom, tem dado muito certo e me ajudado a retomar minha vida”, conta Renata. “Todo dia preciso fazer alguma coisa. Além do laser, que é um tratamento mais direto para a pele, eu preciso passar hidratantes, usar malha, fazer fisioterapia e até acompanhamento nutricional, pois tem alimentos que podem ajudar a regeneração.” Médica vítima de explosão em prédio aproveitava feriado com namorado em Campos do Jordão Arquivo Pessoal Relação com Campos do Jordão Questionada se voltaria para Campos do Jordão, local em que aconteceu o acidente, Renata Fontoura afirma que não. De acordo com ela, pensar na cidade provoca lembranças difíceis. “Tudo o que me lembra essa situação causa um pouco de dor. Não gosto de ouvir falar sobre Campos do Jordão. É estranho porque só de ver construções parecidas com as da cidade me provoca algo ruim. Com fogo é a mesma coisa. Não gosto de ver. Não gosto de chegar perto de churrasqueiras, por exemplo, que já fico apavorada.” Na ocasião, a médica estava no município localizado na Serra da Mantiqueira com o então namorado, que havia feito o convite para o passeio, e com um casal de amigos. Renata e companheiro da época terminaram o relacionamento em janeiro deste ano. VEJA TAMBÉM: Acúmulo de gás e faísca elétrica causaram explosão FOTOS mostram estrago causado em condomínio VÍDEO: Câmera flagra explosão em Campos do Jordão O que aconteceu? A explosão aconteceu por volta das 20h do dia 22 de abril de 2022, no condomínio Saint Ettiene, que fica na rua dos Manacás, no Morro do Elefante. 10 dos 32 apartamentos do imóvel ficaram destruídos e quatro pessoas ficaram feridas. Turistas relataram ao g1 que os vidros de imóveis próximos tremeram e houve um forte barulho. Carros ficaram sob escombros e destroços foram lançados à distância. Condomínio destruído após explosão em Campos do Jordão, SP Douglass Fagundes O que provocou a explosão? Laudo realizado pela perícia da Polícia Civil apontou que a explosão no condomínio foi provocada pela liberação de gás em um apartamento do primeiro andar do prédio seguido de uma faísca elétrica. De acordo com o laudo, a explosão aconteceu entre a sala e a cozinha do apartamento 109 e foi causada por uma “liberação de gás GLP pelo terminal de conexão do ponto destinado a lareira”. Ainda segundo a conclusão da perícia, o registro do terminal estava aberto e, com isso, houve um grande acúmulo de gás no local, muito superior ao dos outros apartamentos, que estavam com o registro fechado. Na sequência, uma faísca elétrica causou a explosão. Procurada novamente pelo g1, a Polícia Civil informou que está concluindo o inquérito policial, que será enviado à Justiça. Condomínio destruído após explosão em Campos do Jordão, SP Douglass Fagundes Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina

FONTE: https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2024/04/22/um-ano-apos-explosao-em-campos-do-jordao-medica-que-teve-80percent-do-corpo-queimado-fala-sobre-recomeco-e-diz-que-quer-ajudar-a-tratar-vitimas-de-queimaduras-descobri-que-sou-forte.ghtml


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